terça-feira, janeiro 24, 2012


"Preconceito sempre rola, vai acontecer contigo também" (Dito pelo Maldito)

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Tenho este texto guardado em meu desktop desde que ele foi publicado. Ele não é meu, mas gostaria de compartilha-lo aqui, pois depois de lê-lo e relê-lo várias vezes eu decidi que queria que mais pessoas desfrutassem de sua leitura.


Claro que os créditos vão todos para o Dito pelo Maldito.


"Dona Ana é uma cidadã idônea, e a prova disso é que até freqüenta igreja. Esposa fiel e dona de casa exemplar que só se abala com a possibilidade de seu filho Rodrigo ‘acidentalmente’ se envolver com uma mulher de cor. Coisa que não tem chance de acontecer já que o jovem, ainda na adolescência, já se assume gay perante os amigos mais íntimos. Boato esse que se espalhou na escola onde estuda gerando a imediata repulsa do professor Carlos que começou a tratar o aluno diferente (de mal a pior) depois que soube de sua opção sexual. Mas nem por isso ele se sente homofóbico.


Por estar bem acima do peso, o mesmo Carlos sofre com as piadas de gordo feitas na sala de professores pela sua colega de profissão Professora Valdete, que por conta de seu alcoolismo crônico, está com seu emprego ameaçado e sendo observada de perto pelo diretor do colégio, o Seu Augusto, que se orgulha de nunca ter colocado uma gota de álcool na boca, mas possui um caso extraconjugal recentemente descoberto pelo seu enteado Anderson.

Anderson odeia o seu padastro a quem atribui à alcunha de ‘porco traidor’, mas ignora que no apartamento ao lado um ódio ainda maior é nutrido pelo seu vizinho Roberto, um policial aposentado que se enfurece toda vez que sua casa é tomada pelo cheiro da maconha fumada pelo jovem que mora ao lado. A aposentadoria de Roberto aconteceu por invalidez, já que o consumo de três maços de cigarros diários lhe presenteou com um câncer descoberto já em fase terminal. Por isso ele constantemente carece do auxílio e da ajuda de sua empregada doméstica Silvia, que no fundo acha mesmo que o velho deveria morrer o quanto antes, como todos os fumantes estúpidos de boca de cinzeiro.

Mal sabe Silvia que acabou neste trabalho de merda por que, apesar de possuir um bom currículo, foi rejeitada nas três entrevistas anteriores de emprego por conta de suas tatuagens. Uma coisa inadmissível para o  gerente de loja Marcelo, que acha isso coisa de vagabunda. No fim do expediente o gerente fecha o caixa e relaxa com uma boa cafungada de cocaína de ótima qualidade fornecida por um contato que atende pelo nome de ‘Nózinho’.

Nózinho é um homem beirando seus cinqüenta anos acima de qualquer suspeita que conduz seus negócios ilícitos e paralelamente sustenta uma vida de classe média alta de pai de família comum onde é conhecido como Fernando, esposo da racista Dona Ana que vive tentando levar o marido para assistir um culto em sua igreja. Coisa que ele odeia, já que ainda moço ‘fechou o corpo’ em um terreiro de Candomblé e acha que a esposa, ao invés de perder tempo com essas baboseiras, deveria dar mais atenção para o filho que anda tendo atitudes das mais suspeitas."

sexta-feira, janeiro 20, 2012


Quem ganha com a pirataria?

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Descobri lendo hoje no BEP Club (e olha que eu nem sou fã do Black Eyed Peas) que o famoso site de compartilhamento, o MegaUpload, estava fora do ar.

Curiosa, fui-me a buscar mais notícias no Google. Infelizmente, o PH Salaroli não estava blasfemando.  De acordo com o site Lazer e Tencologia, “O Megaupload foi fechado por federais americanos acusando-o de pirataria, nesta sexta-feira (20/01/2012)”. Além disso, Kim Schmitz, criador do site, foi preso pela polícia neozelandesa.

Ainda é cedo lamentar pela ausência do Megaupload. De fato, é difícil imaginar que ele fique fora do ar por muito tempo, ou pelo menos para sempre.

O problema disso tudo é, como diz Edson Fernando Moser do Administradores.com.br, a repercursão da SOPA e da PIPA que está acontecendo durante toda essa semana pode ser o inicio de uma Cyber Guerra. Uma guerra por motivos fúteis, por uma tempestade em um copo d’água (e que guerra não é assim?). (Fonte: http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/sopa-pipa-erros-e-mais-erros-de-ambos-os-lados/61077/)

Por que é uma guerra fútil? Porque é hipócrita. As empresas que apóiam a SOPA e a PIPA (em sua maioria gravadoras) declaram que perdem bilhões com a pirataria. Porém, não admite que recebem bilhões por causa dela também. Mesmo que o internauta baixe algo ilegal, a empresa está ganhando com aquilo. É publicidade gratuita.

Posso dar um exemplo pessoal? Conheci a série The Big Bang Theory através de uma amiga que passou o link dela no Megaupload. Comecei a baixar os episódios e cada vez ficava mais fã do seriado. Eu continuo baixando ela de maneira “ilegal”, mas acabei comprando o box da terceira temporada por questões de capricho pessoal. Isso sem contar na linda camiseta que adquiri!

Outro ponto é que, se todos os sites de compartilhamento fossem tirados do ar, outras indústrias perderiam bilhões. Então, do que ia adiantar os estúdios, gravadoras e artistas estarem nadando em dinheiro se as empresas de tecnologia e de desenvolvimento de softwares, por exemplo, estariam perdendo com isso? Talvez não estariam perdendo, mas em um mundo em que o compartilhamento de arquivos fosse proibido, o internauta iria se deparar com um HD externo mais caro; haveria pouca procura de pendrives com mais de 8GB e Deus sabe o que ia acontecer com os softwares que gravam filmes e músicas.

Além disso, o que ia acontecer com alguém que quisesse baixar um Nosferatus da vida? Filme de 1929 que lá se sabe aonde poderia ser comprado. E sobre o Le Voyage Dans la Lune, você acha que conseguiria achar esse filme na vídeo-locadora mais próxima da sua casa? Nem que o logotipo do estabelecimento fosse “Classic Films - Restauramos filmes de 1902 por um preço especial para você!”

O projeto da SOPA e da PIPA é tão absurdo que é praticamente impossível que elas tomem continuação. Os próprios artistas se beneficiam dos sites de compartilhamento. Outrossim, como ficam as redes sociais onde os usuários postam frases de outros como se fossem de sua autoria (essa regra não se aplica a Clarice Lispector) e marcam amigos em fotos sem ter o direito de imagem?

Esse negócio de querer combater a pirataria é balela. Falar que é o começo de uma ditadura mundial é clichê e mesquinho demais, pois nunca chegará a esse ponto (pode até ser uma tentativa, só que jamais vingara). São milhões de internautas e eles não vão ficar comprando filmes e música só porque os sites como o Megaupload foram tirados do ar. Existem locadoras de vídeo e programas que gravam filmes. Existem amigos que tem uma coleção de cd’s de música e existe o Windows que já vem com o Media Player que copia cd’s.

Enfim, o que quero dizer, é que é algo quase que totalmente irrelevante para essas empresas de gravação e outras do ramo que os projetos SOPA e PIPA tomem vigor. A pirataria vai continuar e elas continuaram a ter publicidade gratuita.

Não se ganha com a pirataria, mas também não se perde.

quinta-feira, janeiro 19, 2012


Você não tem nojo de homens se beijando…

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...você diz isso porque pensa que é o que os outros esperam que você diga.

Quando você vê dois homens se beijando você não faz “urgh!” porque acha nojento. São morais religiosos, sociais, familiares e a opinião dos outros que fazem você exclamar “urgh!”.

Na verdade, você não acha nada quando vê duas pessoas do mesmo sexo entrelaçadas com os lábios se tocando. O que há de repulsivo em um beijo? Você não sente nojo de uma coisa que você pratica quase todos os dias.

Você diz: “Ai! Que nojo!” para dois homens se beijando quando você está junto de outras pessoas, porque você quer que elas vejam como você é contra esse tipo de atitude. Só que, na verdade, você não é e ninguém que está com você é. Eles só dizem que é repulsivo porque elas acham que você pensa isso.


Mas você não pensa assim...

Afinal, nojenta é a crueldade feita com as crianças que, tão pequenas, já são vítimas do frio da rua, da violência dos adultos e da prostituição do dinheiro.

Repulsiva são as guerras que acontecem todos os anos por motivos raciais e religiosos.
Você tem nojo de ver as pessoas morrendo de AIDS e fome na África e perceber que a única que fazem a respeito disso é julgar que a culpa disso é do próprio povo africano por ser pagão e atiçar a fúria divina.

Você é tem repulsa da KKK, dos neo-nazistas, dos estupradores, dos pedófilos, dos torturados, dos corruptos, dos intolerantes, dos preconceituosos, de homens que batem em mulheres, de mulheres que batem em idosos.

Tem nojo da ignorância e da hipocrisia.

Mas você não sente nojo de homens se beijando.

Afinal, o que há de nojento no amor?

terça-feira, janeiro 17, 2012


Le Voyage Dans la Lune, by Smashing Pumpkins

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Engana-se quem pensa que o cinema começou com Chaplin. O primeiro filme surgiu até mesmo antes dos anos 1900, quando os irmão Lumière gravaram L’arrivée d’un train à la ciotat e o apresentaram a um público de cerca de 33 pessoas.

Em 1902 Julio Verne e H.G. Wells inspiraram Georges Mélieès a criar a película Le Voyage dans la Lune, considerado o primeiro filme de ficção científica. Você já deve ter visto a imagem de uma nave no olho da lua, cena clássica do filme que conta a história de cinco astrônomos que viajam à lua onde são capturados por alienígenas, mas conseguem retornar à Terra.

Foi lançado em 01 de setembro de 1902 na França com técnicas cinematográficas de sobreposição, fusão e exposição múltipla de imagens.
Quem diria que, 93 anos depois da criação de Mélieès, uma nova versão em cores sairia para agradar os fãs do cinema clássico e do rock alternativo? Pois bem, a 24 de outubro de 1995, Billy Corgan compôs a creditada música Tonight, Tonight para sua banda Smashing Pumpkins.
"Time is never time at all
You can never ever leave without leaving a piece of youth
And our lives are forever changed
We will never be the same
The more you change the less you feel"

A letra da música pode até não ter nada a ver com o filme, mas o clipe é um verdadeiro remix da película de 1902. O Smashing Pumpkins pode não ser uma banda escutada por muitos e muitos devem achar um filme preto e branco mudo bocejante. Porém, para quem ama cinema e música de conteúdo, ver os dois completando um ao outro é muito gratificante. 

;D

Little Help: Wikipedia e uma tal de disciplina de História da Mídias



Analfabetismo Virtual (considerações)

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A taxa de analfabetismo no Brasil, já é maior que a média da América Latina. Dentre toda a população brasileira, 8,3% são analfabetos. Não parece ser um número grande, mas não devemos deixar de considerar que o analfabetismo, em si, não é a única carência do Brasil.
Vemos, agora, que o país está muito preocupado em crescer e se tornar uma grande potência. No entanto, o Brasil se esquece de sua educação. Não basta o pior índice de analfabetismo da América Latina, ainda temos o pior ensino público do mundo! São professores com péssimos salários, alunos que ficam sem aula por falta de professores, transportes ou, até mesmo, de um quadro negro!
No entanto, é sobre outro analfabetismo que quero falar. Como ele está dentro de minha área, permito-me falar sobre ele. Senhoras e senhores, falo, agora, sobre o analfabetismo digital e, falando dele, não tenho como fugir do tema “inclusão digital”.
Segundo o site Caminhos Para Inclusão Digital, inclusão digital consiste em: “Incluir uma pessoa digitalmente não apenas “alfabetizá-la” em informática, mas sim fazer com que o conhecimento adquirido por ela sobre a informática seja útil para melhorar seu quadro social. Somente colocar um computador na mão das pessoas ou vendê–lo a um preço menor não é, definitivamente, inclusão digital.”
Projetos do governo se preocupam em distribuir computadores, mas e depois? O que acontece?
Está enganado quem pensa que somente ter um computador com acesso à internet é ter o mundo em suas mãos. Adquirir um computador de graça ou por preço menor é apenas o começo dessa história toda. Afinal, o computador é uma peça que necessita constantemente de atualizações.
Todavia, o fator mais importante dentre isso tudo é a educação. Acabar com o analfabetismo virtual é um grande passo para a inclusão digital. No entanto, como vamos acabar com ele se ainda não acabamos com o analfabetismo real?
E esse é o primeiro grande passo. Deve-se rever que práticas e que recursos são utilizados em salas de aula e, também, como a educação será transmitida a cada um dos cidadãos residentes desse país.
Mas, como exigir educação de um governo que parece achar isso inútil? Veja bem, nosso deputado mais votado é praticamente analfabeto e, enquanto isso, os nossos professores ganham menos de R$1000,00 por mês. E, ainda, como alfabetizar um povo que passou a falar adolescenta, carente dificilmenta, tudo porque agora temos uma presidenta? Complicado.
A inclusão digital anda de mãos dadas com a inclusão social. Não basta distribuir computadores de graça e esperar que o indivíduo se vire sozinho. Da mesma forma, não adianta querer exterminar o analfabetismo real enquanto o objetivo maior é acabar com o analfabetismo real para, assim, começar a introduzir essas pessoas no mundo virtual.
Em visita ao Brasil, Obama disse que “o crescimento extraordinário do Brasil conquistou a atenção do mundo.” Não sei dizer se Obama estava tentando ser legal, ou se ele realmente acredita nisso. Se o país está crescendo, é algo superficial e enganoso, como os hambúrgueres dos cartazes do McDonalds: as imagens são de dar água na boca, porém, ao vivo e a cores, até aquele grude que servem nos refeitórios escolares parecem melhores.